Há muitos anos que correlacionamos a riqueza de um país com o grau de prestação escolar das pessoas desse país. A correlação é positiva e significativa. Mas correlação nem sempre significa causalidade. Mas o facto é que temos atualmente informação que nos permite afirmar que não é apenas correlação, existe de facto um efeito de causalidade significativo. Portanto, a educação, embora não seja o único fator, explica uma fração muito importante da taxa de crescimento económico do país. E por isso, a educação é e continuará a ser um investimento muito valioso e na atualidade sem dúvida que a educação para o empreendedorismo tem que ocupar um papel relevante.
Portugal está entre os primeiros 10 países da UE na criação de conhecimento, mas na sua transformação inerente a produção de patentes, à transferência em tempo útil de tecnologias, à antecipação de inovação e à criação e expansão de empresas inovadoras somos considerados uma economia moderada em termos de inovação, muito abaixo da média da União europeia (European Inovation Board). Portanto, o que se tem passado no nosso país, não é a falta de conhecimento, mas é sobretudo a incapacidade em transferir para a economia a investigação que se tem realizado. E se a investigação não passa para a economia não há efeitos económicos. E a pergunta que se tem de colocar é precisamente esta: Qual a razão para que isto ainda não tenha acontecido? E em parte, a resposta tem precisamente a ver com a ausência de uma cultura empreendedora. Existe falta de uma cultura empreendedora que possibilite minimizar o hiato entre a criação de conhecimento e a sua transformação em bens económicos e culturais, é um hiato enorme que dificulta a inovação e a produtividade da economia. O empreendedorismo é que transforma a investigação em inovação. A Inovação é sem dúvida alguma passar para a economia os resultados da investigação. Portanto, necessitamos de uma cultura empreendedora e a promoção dessa cultura faz-se através da Educação para o empreendedorismo – oferecendo uma mistura de aprendizagem experiencial, capacitação e, mais importante, uma mudança de mentalidade. Falar de empreendedorismo é falar sobre crescimento, criatividade e inovação. Educação para o empreendedorismo é o primeiro e talvez o mais importante passo para a incorporação de uma cultura de inovação na sociedade.
As estatísticas dizem-nos que 2/3 do emprego criado no G20 são da responsabilidade de empreendedores e estima-se que na europa, 67% dos novos postos de trabalho criados nos últimos anos tenham sido da responsabilidade também de empreendedores.
Fica então claro, no que diz respeito a estes aspetos, qual o caminho que deveremos percorrer, que ações devemos implementar quer a nível nacional, regional e local. Mas também é certo que este caminho só pode ser feito através de um trabalho conjunto, aquilo a que eu chamo uma orquestração entre os Estabelecimentos de Ensino superior – Estado e Empresas, só desta forma conseguiremos preparar os jovens para competir num ambiente cada vez mais global, competitivo e dinâmico.
Olinda Sequeira
Coordenadora do TransCoTec
Diretora da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes
Instituto Politécnico de Tomar