Editorial #7: Paulo Ferreira

As Instituições de Ensino Superior (IES) apresentam-se como tendo um papel fundamental no desenvolvimento das regiões, não apenas na formação de recursos humanos, mas também na execução de projetos de investigação, muitos deles aliando os conhecimentos teóricos com aplicações práticas que tenham interesse para o mundo empresarial.
É a necessidade deste alinhamento entre a investigação fundamental e a investigação aplicada que faz com que projetos como o TransCoTec sejam essenciais enquanto promotores do desenvolvimento económico, ancorados nos objetivos nacionais e internacionais de fomento do investimento em investigação e desenvolvimento (I&D).
Durante as últimas décadas, a União Europeia apresentou-se com o objetivo de se tornar numa economia baseada no conhecimento, cada vez mais competitiva e dinâmica, apontando a uma meta de investimento de 3% do PIB em atividades de I&D. Essa aposta, que implica o reforço do relacionamento entre instituições públicas e privadas, incluindo as IES e as empresas, tem na Estratégia de Inovação Tecnológica e Empresarial 2018-2030, referencial para a política de inovação em Portugal, a transposição para o território nacional, que apresenta como vetores estratégicos o aumento do investimento em investigação e desenvolvimento, a valorização e transferência de tecnologia ou a promoção da valorização da inovação, entre outros.
A aposta continuada das IES participantes no TransCoTec nas suas diferentes vertentes de atuação, de que são exemplo o ensino, a investigação ou a inovação, tem contribuído para as dinâmicas de desenvolvimento das regiões em que essas IES intervêm. A participação em diferentes projetos de investigação, em redes mais ou menos alargadas, tem contribuído de forma notável para o potenciar do ecossistema de inovação do nosso país. Por exemplo, entre 2001 e 2020, a percentagem de despesas em atividades de investigação e desenvolvimento, em relação ao PIB, mais do que duplicou, passando de 0,76% para 1,61%, num aumento que tem sido transversal às diferentes regiões do país. E se no caso das IES o aumento desta percentagem é qualitativamente semelhante, com um aumento de 0,28% para 0,58%, que representa uma duplicação do esforço de I&D das IES, é notável que em termos empresariais a percentagem tenha quase quadruplicado, passando de 0,24% para 0,92%. Apesar de relevância das IES em termos de investigação, é inegável a necessidade da transferência do conhecimento para a esfera empresarial, visto que são as empresas o motivo da criação da riqueza.
Ainda longe da meta dos 3%, os números anteriormente apresentados mostram o esforço que tem sido feito em Portugal, sendo que todas as iniciativas que procurem reforçar a criação de um ecossistema inovador são relevantes, sendo obrigatória a ligação entre as IES e o tecido empresarial, pelos motivos anteriormente referidos. É por isso que o projeto TransCoTec se apresenta ainda com mais relevância, não só pelo território onde o projeto atua mas também pelo impacto económico e social que pode vir a ter não só a curto mas também a longo prazo.

Paulo Ferreira
Pró-Presidente para a Investigação, Inovação e Transferência de Tecnologia
Politécnico de Portalegre