Editorial #10: Paulo Brito

Next step: Spin-off’s
O Politécnico de Portalegre, com o seu centro de investigação VALORIZA, tem vindo, nos últimos anos, a preconizar uma estratégia centrada na investigação e desenvolvimento de tecnologia, em graus de maturidade mais elevados (Technology Readiness Level – TRL) procurando projetos de elevada aplicação prática para as empresas.
A Área da bioenergia e valorização de resíduos e efluentes está envolvida em projetos onde se estudam processos industriais estando muitos deles em fase piloto e outros em fase de demonstração. Um destaque, por exemplo, para o PigWasteBiorefinary, financiado pelo A2020, onde se desenvolveu uma unidade de tratamento integral dos efluentes das suiniculturas, produzindo gases renováveis e água tratada, que permite minimizar os custos de tratamento e permitir uma real descarbonização do setor; o SynDiesel, também financiado pelo A2020, em parceria com o INIAV, onde se está a desenvolver aplicações dos gases renováveis produzidos por conversão térmica de resíduos agrícolas (gaseificação térmica) em motores de combustão interna de equipamentos agrícolas (por exemplo, tratores); O Waste2H2, projeto do H2020, liderado pelo instituto, que tem como objetivo a conversão de resíduos em hidrogénio por tecnologias de gasificação térmica; ou, ainda, o projeto HyfuelUp, financiado pelo Programa Horizonte Europa que está a demonstrar uma tecnologia inovadora para a produção de gás natural renovável (biometano) a partir de resíduos.
Todos estes projetos, e muitos outros que podem ser analisados no site do VALORIZA (www.valoriza.ipportalegre.pt), tem já um número muito significativo de recursos humanos especializados, em particular, alunos dos vários ciclos de formação do instituto (licenciaturas, mestrados, doutoramentos), bem como, investigadores e professores.
É grande o nível de conhecimento tecnológico e aplicado que se tem vindo a adquiriu e é também enorme o seu potencial de aplicação à economia regional, focada na exploração agrícola e agroindústria, bem como, à economia portuguesa nas suas mais variadas áreas de atuação industrial. Todavia, sentimos que falta agora dar o passo seguinte e talvez o mais determinante para o futuro da região e do país: criar condições para que se passe para a inovação procurando criar condições empresariais que permitam a aplicação efetiva do que temos vindo a desenvolver. Como fazer isto valorizando todo o trabalho e conhecimento que adquirimos? Julgo que o caminho é a promoção e apoio de criação de spin-off no instituto tendo como promotores os alunos, investigadores, professores e funcionários do instituto.
Uma spin-off é uma empresa nova criada para explorar produtos ou serviços tecnológicos ou inovadores, concebida a partir de um grupo de pesquisa ou centro de investigação de uma outra organização já existente, que a apoia no seu desenvolvimento. Talvez seja preciso que haja uma regulamentação que permita clareza e definição dos limites dos apoios a conceder. Não é uma ideia original já que são várias as instituições de investigação que promovem a criação deste tipo de empresas. O KTH, parceiro do instituto num projeto internacional Twinning, é esta mesmo uma das sugestões que nos faz. Acresce, a existência da BioBIP, a nossa incubadora de base tecnológica, que aumenta a sua capacidade, e que é, também, é uma peça fundamental desta estratégia criando as condições físicas e operacionais destes novos projetos empresariais.
Não tenho dúvida, que o próximo passo (next step) é mesmo estimular e procurar as condições de apoio à criação de muitas e boas Spin-off .
Vamos a isto!

Paulo Brito
Coordenador do Valoriza
Centro de Investigação para a Valorização de Recursos Endógenos
Politécnico de Portalegre